quinta-feira, 2 de junho de 2011

Teatro na capital federal

Brasília tem um cenário cultural muito forte e um dos destaques desse cenário são os grupos de teatros da cidade. O diretor Hugo Rodas, que também é coreógrafo, figurinista e professor, foi pioneiro com os primeiros grupos de teatro de Brasília, isso na década de 70. Na época havia seis grupos de teatro em Brasília e com eles Hugo iniciou o seu trabalho.

O público brasiliense atualmente não tem sentido muito interesse no teatro, não há uma boa divulgação, sempre se divulga nos mesmos lugares e por isso muitas pessoas não sabem das peças na cidade. Não se consegue atrair o público, a divulgação não é feita corretamente e nos lugares corretos.

“Os espetáculos não interessam ao público”, comenta o estudante de artes cênicas da UnB, Eros Carpo. Para o jovem, falta um interesse e investimento não apenas do governo, mas da população e das escolas tanto públicas quantos particulares no incentivo de leitura de grandes clássicos da literatura e conseqüentemente a falta do interesse pelo teatro e cultura em geral.

Grandes grupos de teatro se destacam em Brasília, como o G7, Os melhores do mundo, 7 belos e de 4 é melhor, tem grande público, por causa da boa divulgação e realizam um trabalho que interessa ao público, por isso suas apresentações são sempre lotadas.
                                                     
                            


Por Alisson Azevedo

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Você sabe o que é retrofilia?



Quem nunca se deparou com alguém mais velho que dizia: “Ah, como sinto falta da minha juventude, essa época sim eram os bons tempos”? A verdade é que ao passar dos anos, as pessoas passam a se vangloriar da época em que eram mais jovens, pois a tendência é considerar a nova geração deficiente.


Talvez seja verdade, às vezes é possível reparar uma sensação de que a qualidade na cultura esteja piorando, novos ídolos surgem que antigamente jamais teriam sucesso, surgem novas tendências que a pessoa não entende. Com esse sentimento nostálgico, existem os admirados das tendências antigas, os amantes do retrô.


A arquiteta e paisagista Daniela Cristina confessa que ainda possui alguns acessórios antigos. “Ainda tenho em casa um cubo mágico, scarpin vintage, delineador gatinho, objetos novos, mas que representam as tendências dos anos 50 aos 80.




























O publicitário e músico Joaquim S. Neto relata que possui iPod, CDs, mas a verdadeira paixão são os discos vinil, e gostaria que outras coisas voltassem a ser apreciadas. “Ouvir um vinilzão, filmes B de baixo orçamento e cinemas longe do shopping”, diz o músico.


Mas os admiradores do retrô não são apenas os que vivenciaram a outra época. É possível se deparar com jovens que sabem mais de Beatles que nossos próprios pais, pessoas que se vestem de acordo com a moda dos anos 50 e 60. Mas Joaquim explica esse comportamento: “Não vejo valorização, vejo as pessoas que sentem falta de uma boa época em suas vidas, mas dizer que isso é retrô para mim é estranho. A moda sempre muda e voltam coisas interessantes. Mas o que ganha destaque mesmo são as coisas bregas de cada época, veja que agora o RPM tenta mais uma vez voltar a ser uma banda”.


E para quem tem dúvidas se algo é retrô ou vintage, Daniela explica a diferença. “Vintage é algo antigo que fez sucesso em uma determinada época e que de certo modo ainda vive, digamos assim. Já o retrô seria um lançamento, a releitura de algo influenciado por uma peça vintage, totalmente repaginados. Aqui não se trata unicamente de moda e bobagens fashions, mas é relativo a tudo”.




Por Marcela Seabra

Exposição sobre a vida de Oswaldo Cruz

A vida de Oswaldo Cruz, o médico e pesquisador que deu origem à Fundação Oswaldo Cruz, uma das mais importantes instituições de saúde do Brasil, é retratada em exposição na Fiocruz Brasília.

A exposição chegou primeiro ao Rio de Janeiro, na Casa de Oswaldo Cruz (COC) e foi resultado de uma parceria entre a Fundação Banco do Brasil, a Odebrecht e a Fiocruz. Em Brasília, o evento foi idealizado pelo Programa de Educação, Cultura e Saúde (Pecs). A meta é atingir profissionais da saúde e estudantes.

A exposição inaugurada no dia 25/5 (quarta-feira), contou com a presença do cordelista Edimilson Santini. A mostra é aberta ao público e vai até o dia o dia 2 de julho, de terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h, e aos sábados, das 9h às 12h.

Por Claudia Carpo

A nova onda da música



Foi-se o tempo em que apenas bandas e cantores contratados por grandes gravadoras tornavam-se famosos. Com a ampliação do acesso à internet, a divulgação através de sites de relacionamento tornou acessível a qualquer artista atingir um grande público, tendo ainda como vantagem o baixo custo.

De acordo com a produtora musical de Brasília Jacqueline Bittencourt, hoje é praticamente imprescindível a divulgação em mídias sociais como Twitter e Myspace. Segundo Jacque, como ela é conhecida, o artista que não utiliza esses recursos para divulgação perde boa parte da interação com seu público, e talvez não alcance tanta popularidade quanto se utilizasse. Um exemplo de artista que surgiu por meio dessas redes sociais é Mallu Magalhães, cantora nacional de Folk Rock, que em 2007 publicou seus trabalhos musicais no MySpace e a partir daí começou a ganhar notoriedade e se apresentar em grandes shows pelo país.
Outro exemplo de artista que ganhou fama na internet foi a cantora escocesa Susan Boyle, que em abril de 2009 se apresentou no programa de talentos britânico Britain's Got Talent. O vídeo de apresentação de Susan se espalhou rapidamente na internet, tornando-se conhecida mundialmente. Sites como o You Tube e Twitter foram de extrema importância. No You Tube, que é um site de vídeos, o vídeo de sua apresentação teve 2,5 milhões de acessos nas primeiras 72 horas e em uma semana o vídeo teve 6,6 milhões de acessos. No Twitter, a divulgação de artistas de Hollywood, como Ashton Kutcher e Demi Moore ajudaram a divulgar o vídeo de apresentação de Susan.

                                                         
A banda de rock brasiliense Nazah utiliza a internet como meio principal para a divulgação do seu trabalho, diz o vocalista Gilberto Alves, conhecido por Giba. A banda surgiu em agosto de 2007, mas depois de muitas idas e vindas a formação atual começou mesmo a tocar em junho de 2009. "Muitos dos nossos fãs nos conheceram pela internet, através da nossa propaganda, não só pessoas de Brasília, mais de outros Estados também", diz o vocalista. Além de Giba, a banda é composta por Miguel Alves, Pedro Resende, Sérgio Costa e Vinícius Andrade.
As redes sociais mais utilizadas para a divulgação são o Twitter, o Myspace e o Facebook, tendo o Facebook 5,3 milhões de usuários brasileiros, o Twitter 5,1 milhões e o MySpace 2,5 milhões, de acordo com o Ibope Nielsen Online. Mesmo contando com o maior número de usuários, o Facebook ainda não é o mais usado para a divulgação de bandas e artistas, por não oferecer tantas facilidades para este intuito como o MySpace e Twitter. No Twitter, um microblog onde o texto é de até 140 caracteres, o retorno pode ser imediato, pois os seguidores recebem a mensagem no mesmo instante em que foi escrita, em tempo real. É o caso da Scalene, banda brasiliense formada em 2008, que usa um perfil no Twitter para divulgar datas e locais de shows, novos singles, promoções e também para saber a opinião e reação dos fãs ao desempenho da banda.
Através do Twitter pode-se colocar um link que te mande direto para o site da banda ou para download de música. Já no Myspace é possível hospedar arquivos em mp3, vídeos e fotos, fazendo com que muitas bandas e artistas criem perfis no site e muitas vezes utilizem o MySpace como site oficial.

Por Alisson Azevedo

Bandas divulgam seus trabalhos por meio das mídias sociais

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Fim de temporada de Gossip Girl



O último capítulo da quarta temporada da série Gossip Girl foi exibida no dia 16 de maio. Sempre intrigante, a trama deixou fãs curiosos quanto ao destino dos personagens principais e, aparentemente, muitas surpresas para a quinta temporada, prevista para setembro.

Dos mesmos criadores de The OC, a série é baseada em uma série de livros, escritos por Cecily von Ziegesar e começou a ser exibida pela Warner em 2007. Gossip Girl conta a história da vida de adolescentes da alta sociedade de Nova York, onde todos os segredos da vida de Serena Van Der Woodsen (Blake Lively) e seus amigos são revelados por uma garota até então desconhecida, que posta todos os acontecimentos do grupo em um blog.

A série terá, no mínimo, seis temporadas. Alguns dos atores principais, como Leighton Meester, que faz o papel de Blair, já confirmaram que não renovariam o contrato após 2012.

Aos fãs, resta esperar até setembro!

Por Claudia Carpo

Eles começam cedo...


Músicos falam dos desafios de iniciar uma carreira artística profissional

A cena da música brasiliense sempre foi marcada pelo rock. Grandes bandas como Legião Urbana e Capital Inicial nasceram daqui.
O estilo musical criou raízes na capital, que hoje une amigos de escola e faculdade para atingir a um objetivo: se divertir tocando. E, muitas vezes, o lazer se torna profissão.


Mas não é só de ensaios de garagem e diversão que vivem estes jovens que sonham em fazer carreira na música, há grandes barreiras que precisam ser enfrentadas, como a falta de recursos e de produtores.


Pedro Augusto,19, é estudante de jornalismo e toca guitarra há dois anos com a banda Imaginária. Ele diz comenta as dificuldades de uma banda iniciante no Brasil “É muito difícil ter que fazer música e correr atrás de tudo, você acaba não conseguindo fazer as duas coisas perfeitamente”, afirma. Segundo o jovem, os apoios que o grupo vai consegue são conquistas muito importantes, “assim, aos poucos a preocupação passa a ser só com a sua música e a qualidade do trabalho aumenta”.

A dificuldade de encontrar um produtor faz com que as bandas independentes se unam para chamar atenção do público, buscando novas soluções para divulgar seus trabalhos, fazendo shows gratuitos ou cobrando baixos valores para os ingressos, buscando apoio de estúdios musicais que façam promoções, para gravar algumas músicas para disponibilizar na internet. Mesmo que, no primeiro momento, seus gastos sejam muito maiores que o lucro.


Allan Lima, 19, estudante de marketing e vocalista da banda Massay, conta que a banda arcou com todos os custos da gravação do EP. “ gastamos bastante, mas acredito que vale muito a pena, pois estamos investindo em algo que é muito prazeroso. Estamos investindo em nossos sonhos”, afirma.

Os preços são altos. Para uma banda independente produzir um CD com cerca de 12 músicas, ela irá gastar de 10 à 12 mil reais. Já os EPs, que são pequenos CDs, com cerca de 6 músicas, o preço varia de 5 a 6 mil reais.


O esforço também é dos produtores que gerenciam bandas, até então, anônimas.
 “Acredito que o retorno financeiro vem com o tempo, quando as bandas se tornam mais conhecidas. No começo, é um investimento o lucro, virá depois”, explica o produtor  de shows, Kdu Peixoto. A paixão pela música faz que com que cada dia seja uma superação. “É preciso entender que música é uma profissão como qualquer outra. Também tem que estudar e muito! O caminho é longo e dedicação deve ser constante”, explica Kdu.

 Por Claudia Carpo

quarta-feira, 25 de maio de 2011

O bar onde todos sabem seu nome

Sometimes you wanna go where everybody knows your name, e assim começava o seriado que conquistou o público durante 11 anos no ar. Quem não se sentia feliz ao ouvir a música de abertura de Cheers? Aquela música que nos leva ao bar mais famoso do mundo e que faz qualquer um ter vontade de tomar uma cerveja no lugar onde todos sabem seu nome...



Criada no início dos anos 80, a série girava em torno do cotidiano das pessoas no bar.  No começo, a história tem o proprietário do Cheers, Sam Malone (Ted Danson) como ex-jogador de beisebol que sofria problemas com alcoolismo no passado, o atrapalhado barman Ernie Pantusso (Nicholas Colasanto), carinhosamente chamado de Coach, a garçonete ranzinza e mais fértil de todos os seriados, Carla (Rhea Perlman), a professora assistente que perdeu o emprego e se tornou garçonete Diane (Shelley Long), e os boêmios Norm (George Wendt) e Cliff (John Ratzenberger).

Como o seriado durou anos, alguns personagens foram acrescentados e, com tristeza, outros saíram. Coach, interpretado por Nicholas Colasanto, faleceu e foi substituído por Woody (Woody Harrelson) na quarta temporada, e Diane foi substituída por Rebecca (Kirstie Alley) na sétima temporada. Como novo integrante, apareceu também o Dr. Frasier Crane, interpretado por Kelsey Grammer.


O blogueiro Frederico Fagundes explica a química criada entre os personagens que cativava tanto o público. “O que eu mais gostava em Cheers era a família alternativa que se formava no bar. Eram pessoas de gostos, classes e estilos diferentes, mas quando se encontravam no bar, se tratavam como irmãos. Eu achava legal essa sensação de você ter uma família, no caso do seriado, no bar. Ao contrário do normal, que é onde você tem grande afinidade no trabalho, faculdade, colégio etc”, cita o blogueiro.


Embora com anos de sucesso e vários prêmios conquistados, ainda há os apaixonados por seriados que sequer conheceram Cheers. Admirador dos seriados Dexter,House, One tree hill, Prison break,Two and a half men e How I met your mother, o estudante de tecnologia da informação Matheus Andrade relata que nunca ouviu falar de Cheers. “Das séries que assisto, o que me atrai é o humor, e a aproximação com a realidade”, explica o estudante.


E justamente essa aproximação com a realidade é justificada pelo blogueiro Fred: “O estilo da época era diferente, não dá pra comparar com hoje. O humor de hoje de sitcom é mais cadenciado, mas recheado de referências da web. Naquela época, o acesso a cultura era ainda limitado. Então a piada tinha que estar dentro do contexto da série”.


Já a gerente de clientes e negócios, Denise Souza compara o humor leve e sem necessidade de apelação como fator determinante de sucesso da série. “Hoje em dia, aparece sempre as mesmas piadas, um humor forçado”, esclarece a gerente.


Tão fã da série, Denise um dia se deparou com os DVDs das três primeiras temporadas na livraria Cultura. Sem hesitação, levou todos para casa. “Ainda procuro as temporadas restantes, mas infelizmente nunca consegui encontrar. É uma série que deixou saudade e gostaria de poder assistir de novo”, diz Denise com certo aperto no peito.


Realmente, uma série que deixou saudades...


Por Marcela Seabra

terça-feira, 24 de maio de 2011

Sebos online


A venda pela internet cresceu 170% entre 2008 e 2009, faturando 23, 4 bilhões. Nesse faturaramneto, deve-se levar em conta os sebos virtuais, que já fazem sucesso também no mundo virtual. O estudante de Filosofia e servidor público Raphael Lapa compra livros em sebos online há cerca de um ano. Quando está interessado em adquirir algum livro, ele vai atrás de títulos em sites, antes de ir a livrarias ''Por conta da facilidade e da comodidade da internet, quando tenho um interesse prévio por um livro, sempre pesquiso primeiro nos acervos virtuais''.


Nos sebos virtuais, a venda é feita pela internet, a partir de um catálogo online. Um dos sites mais conceituados dessa nova era tecnológica é o portal Estante Virtual. Criado há cinco anos, o portal reúne mil e oitocentos sebos de diferentes cidades do Brasil. Em números de exemplares, equivale a mais de sete milhões de livros cadastrados. O funcionamento é simples: a pessoa se cadastra no site, procura o título desejado, escolhe a opção de pagamento e de envio e pronto. É só aguardar em casa a entrega. O internauta cadastrado também pode vender livros, criando um catálogo virtual. Tudo no conforto de casa.


O professor de história Pedro Ferrari encomenda pelo menos dois livros por mês no Estante Virtual. ''Já encontrei muitos livros raros. Com a comodidade de comprar em sebos de diferentes lugares do país, há inclusive uma maior facilidade em obter coleções raras completas. Foi assim que consegui todos os volumes, por exemplo, dos anais do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro das décadas de 30 e 40'', afirma.


A ferramenta ajuda também quando está procurando uma edição que não encontra em livrarias ou quando os livros são muito altos. ''Mesmo no Estante Virtual, a diferença de preços entre sebos é muito grande''. Raphael já recebeu em sua casa livros que vieram de Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Para o estudante, a maior vantagem dos sebos virtuais é ''a possibilidade de encontrar várias edições, em vários estados de conservação e a preços diferentes. Fora o fato de que é sempre uma surpresa encontrar aquele livro que você considera uma raridade com um preço muito baixo'', diz.


Pedro também considera o preço como uma das maiores vantagens dos sebos ''A regra, nesses sebos virtuais, é encontrar livros a preços bem mais acessíveis - mesmo quando novos'', comenta.


por Claudia Carpo e Lucas Cajueiro

Histórias de um sebo...



Livros contam histórias. Mas nem todas podem ser descritas em suas páginas. Algumas pessoas se afeiçoam tanto aos livros, que passam a tê-los como confidentes. Escrevem, desenham, colocam coisas dentro deles. Cida conta que já encontrou uma ampla diversidade de objetos. De cartas e poesias a dinheiro. ''Certa vez, achei 500 reais dentro de um livro''. Se ela ficou com o dinheiro? Não, ele já não valia mais nada... Em seu sebo, existe uma caixa de lembranças encontradas nos livros, onde guarda tudo o que encontra neles.


A experiência no sebo e o contato com os livros trouxeram muitas boas histórias para o Bacharel em Audio Visual e ex-funcionário de um sebo da cidade, Pedro Branco. Ele já encontrou uma foto de 1912; uma carta de 1932, que relatava a história de um produtor de manteiga, narrando o sofrimento dos reflexos da crise de 29; um marcador dos anos 70; além de muitas e belas dedicatórias. A primeira edição de Memórias Póstumas de Brás Cubas já passou por suas mãos. ''Nos deparamos com livros extremamente raros, que nunca mais veremos em nossas vidas'', reflete.


A viúva

Certa vez, uma viúva estava se desfazendo da biblioteca do falecido marido, um amante de cinema. Ele possuía diversos filmes e livros sobre a sétima arte. Como os dois estavam de mudança para uma nova casa antes dele morrer, muitas coisas ainda estavam encaixotadas. A viúva levou os itens para o sebo, mesmo sem se certificar o que havia dentro. Quando chegou ao seu destino, os funcionários encontraram, além de livros sobre cinema e arte, uma sacola cheia de filmes eróticos. A risada foi geral.

Dedicatórias

''Uma vez, comprei um livro chamado o Adolescente, de Fíodor Dostoiévski. A edição era bem velha, estava quase se despedaçando. Mas, na primeira página, havia uma dedicatória linda de um pai para uma filha, falando sobre as duas gerações da família. Achei tão lindo que dei de presente para minha namorada. Tempos depois, comprei na livraria uma edição muito melhor que aquela para mim. Ainda assim, fiquei com inveja do presente que tinha dado só por causa da dedicatória'', conta.

Lembranças guardadas

Os vendedores, que mantém mais contato com os livros, de sebos já estão habituados a encontrar objetos que já tiveram muito valor para alguém.


Assim que começou a trabalhar no sebo, Pedro sentia vontade de guardar tudo o que encontrava dentro dos livros. Desde folhas de papel em branco até cartas e fotos. ''Dá pena jogar essas coisas fora. Eu pensava nas pessoas que eram donas daquilo. Cada história me encanta, diz respeito a famílias diferentes, historias diferentes...'' Ele diz que, por conta das dedicatórias, adquiriu um carinho especial por alguns livros. ''Sempre pensava: 'esse livro fez parte da vida de alguém’'', comenta.


A caixa de lembranças do sebo guarda marca páginas antigos, que o tempo fez com que se tornassem amarelados por fora, mas ainda estão coloridos por dentro; cartas antigas, do século XVIII; desenhos; fotos; pétalas de flores.

Personagens curiosos
Além de estudantes e amantes de livros, os sebos da cidade recebem figuras bastante peculiares. Pessoas querendo se desfazer de objetos a qualquer custo. ''No Sebo em que eu trabalhava, já vieram perguntar se lá vendia estantes, roupas. Eu respondia, admirado, 'não, aqui só se vende livros!'', ri.




por Claudia Carpo e Lucas Cajueiro

Livros, páginas e histórias


Sempre que um livro é solicitado nas aulas da faculdade, o estudante de direito Thiago Ferrari não tem dúvidas: visita os sebos da cidade. "Eu sempre venho aqui nos finais de semana, porque encontro livros com edições que não estão sendo mais comercializadas. Esse é o lugar certo para buscar''. Os sebos compram e revendem livros, revistas, CDs, DVDs e LPs usados. Para Thiago, é fundamental, antes de procurar um exemplar nas livrarias, ir a um destes pontos. "Eu vejo o preço em vários lugares. Os livros que me interessam são mais baratos aqui", afirma.  


Os sebos surgiram no século dezesseis, na Europa. Estudiosos e colecionadores encontravam-se em grandes centros para vender livros usados e raros. Aqui no Brasil, a ideia surgiu no século dezenove, durante o Império, quando as primeiras máquinas de impressão foram trazidas para cá. Até então, não existiam livros impressos no país, a não ser que fossem importados. A necessidade crescente de comprar e vender livros usados e antigos deu origem aos sebos daqui. Na época, eram chamados de alfarrábios. A tradição dessas lojas persiste até hoje.


Não se sabe certamente a origem do nome sebo. Alguns dizem que ele se refere ao aspecto velho e usado dos livros, como se estivessem ensebados. Outros admitem a possibilidade do nome ser referência ao sebo das velas, que caíam nos livros quando as pessoas liam no escuro.


Embora os sebos sejam mais conhecidos como pontos de venda de livros, eles também comercializam outros produtos. A servidora pública Juliana Soares é colecionadora de LPs. ''Quando venho ao sebo, geralmente procuro discos e livros. Geralmente, eles são mais baratos que nas lojas. Aqui, encontro muitos LPs bastante antigos que valem a pena'', afirma, depois de muitos minutos analisando cada LP disponível na loja.


O processo de compra e venda de livros depende muito dos critérios de cada sebo. Em geral, a venda para o público é mais uniforme. Na maioria das vezes, os preços caem em até 50% do valor de um livro novo de uma livraria convencional, se a edição for atualizada e o exemplar estiver bem conservado.


Já quando os sebos adquirem livros de alguém, os critérios variam mais. Isso porque os menores sebos, isto é, aqueles com menos condições financeiras, não podem pagar um preço justo por um livro. Por este motivo, eles não pagam em dinheiro e sim trocam os livros com seus consumidores ou utilizam os vale-livros. Para os maiores sebos, as regras também variam, pois a compra depende de fatores como o estado de conservação do livro, a vendabilidade, quantos exemplares estão disponíveis no estoque, a atualização da edição, entre outros aspectos. Em geral, os sebos pagam melhor se o livro for de uma edição atualizada, estiver em bom estado e for raro. Nestes casos, a loja pode comprar por no máximo 25% do preço do mesmo livro novo, em uma livraria convencional.


Para os vendedores destes locais, o clima de trabalho é um diferencial. Responsáveis pela organização dos livros nas estantes, a correria já faz parte de suas rotinas. Além disso, eles não deixam de recomendar livros aos clientes. A estudante de letras Fernanda Silva trabalha há um ano e meio como vendedora de um sebo em Brasília. Apaixonada por livros, ela aponta os benefícios de se trabalhar próximo a eles. ''Como estudante de letras e amante de livros, o contato com eles é o mais interessante. Estou sempre aprendendo algo novo, pois entro em contato com livros de todas as áreas. Acabo descobrindo o que o pessoal mais estuda. Esse conhecimento é o mais gostoso'', afirma.


A diversidade do público frequentador do sebo faz com que os funcionários dêem muitas indicações de livros aos clientes. ''A maioria das pessoas aqui lê muito!'', comenta. Sempre há uma lista de livros recomendados. Os clientes podem colaborar, sugerindo títulos.


Em Brasília, só na Asa Norte existem mais de cinco sebos. Cida Caldas é dona do Sebinho, localizado na 406N. Ela conta que, embora tenha um negócio de sucesso e que é muito prazeroso trabalhar nele, o sebo, que surgiu em 1985, teve uma história de muito trabalho e dedicação .


No início, a loja começou com um pequeno espaço. Como não tinha condições financeiras para maiores investimentos, Cida vendia seus próprios livros. Com o tempo, os amigos doaram mais livros e ajudaram-na a aumentar seu estoque de produtos. O sebo tornou-se mais conhecido. Atualmente, tem mais de cem mil títulos catalogados. O espaço físico também cresceu. Agora, tem um café e uma área com mesas. O ambiente agradável possibilita que os clientes possam marcar encontros com amigos, comer ou beber alguma coisa e trocar ideias sobre títulos.


Confira: venda pela internet cresceu 170% entre 2008 e 2009


Confira: histórias de um sebo




por Claudia Carpo e Lucas Cajueiro

Pontos de encontro em Brasília

A frustração de quem mora em Brasília é dizer que na cidade não há praia. Verdade. No entanto, esse fato, às vezes, torna-se motivo para que a capital do país seja tida como um local sem atrativos e diversões. Grande mentira. Brasília é repleta de atrações para jovens, adultos e idosos que vão muito além do cobiçado mar.

Os shopping centers é um dos pontos de encontro da cidade. Nele, há a opção de cinema, lojas e restaurantes. “Gosto muito de sair com os amigos para o shopping nos finais de semana. Ficamos de papo na praça de alimentação”, afirma Milena Pereira, estudante de fisioterapia. Em Brasília, são mais de vinte shoppings. O último a ser construído foi o Iguatemi, localizado no Lago Norte. E não importa: todos sempre estão cheios. É comum ver grupos de pessoas com roupas de escola caminhando animadamente pelos shopping da cidade. "Depois da aula nos encontramos, no Pátio [shopping Pátio Brasil]. É nosso passatempo", conta Felipe Resende, estudante do ensino médio. 



Para os que gostam de atividades físicas, o Parque da Cidade é escolha certa. Lugar gratuito e localizado no centro de Brasília, o parque, como simplesmente é conhecido, faz parte do dia a dia de jovens e adultos brasilienses. Lá, há pista para corrida, pista para pedalar, o parque de diversões Nicolândia e kart. O personal trainer Felipe Peixe adora o parque: “Todo dia, usufruo do parque. É uma dádiva termos um local como esse aqui”, diz. Além disso, há churrasqueiras para famílias realizarem encontros e amplo gramado para piqueniques.



Outra pedida é o Pontão. Situado às margens do Lago Paranoá, possui restaurantes, casa de show, lojas, além de uma das paisagens mais belas de Brasília. A estudante Juliana Lima afirma adora curtir a noite no lugar. “Gosto mesmo, porque o ambiente é maravilhoso”, ressalta.



Todavia, o principal ponto de encontro são os bares. Não há um que já não esteja cheio no início da noite. “Meus amigos de fora de Brasília, quando vêm para cá, sempre ficam impressionado com a quantidade de bares da cidade”, diz Bruno Ferreira, advogado. Os bares estão presentes em todas as quadras e cidades da capital, mesmo às satélites. Segundo muitos moradores da cidade, são os bares que salvam Brasília do marasmo. Com eles, a saudade da praia é momentaneamente esquecida.  



por Lucas Cajueiro

Como num passe de mágica: a música



Joaquim Ramos França tem a capacidade de com um simples gesto fazer surgir música. Basta um leve meneio de mão para que sinfonias e concertos brotem no ambiente. Violinistas, violoncelistas e flautistas obedecem-no como uma ordem imperiosa. Sua profissão envolve mistério e magia. Joaquim é maestro.

Nascido em 1962 no Macapá, Amapá, Joaquim desde criança sonhou tornar-se maestro. Não havia outra coisa que pudesse fazer para o resto da vida. A música apareceu pela primeira vez aos 13 anos, quando integrou uma banda local. Mesmo sem conhecer nada de técnica musical, aprendeu a tocar todos os instrumentos. Trompete, trompa, trombone, percussão e flauta. Experimentava, testava e, se agradasse ao ouvido, continuava. Logo depois, aos 17 anos, tornou-se regente da mesma banda, cargo que ocupou por 10 anos.

Brasília surgiu na vida do músico amapaense no momento de escolher a faculdade para se graduar. Já tinha longa experiência musical, mas queria ter diploma. Escolheu a capital do país sem saber bem o por quê. Místico, diz que foi o destino. Em 1988, mudou-se definitivamente para Brasília, onde se formou em regência pela Universidade de Brasília (UnB).

Fez de tudo um pouco na música, desde então. Tocou em bailes, festas, regeu orquestras do Brasil, escreveu arranjos para televisão. Foi regente titular da Orquestra Filarmônica de Brasília ao longo de quatorze anos. Em 2005, tornou-se maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro (OSTNCS). Era a oportunidade de investir na carreira de maestro de uma grande orquestra. Um sonho. A desilusão viria no ano seguinte.

A politicagem da vida de maestro das grandes orquestras oprimiu-o. Passou a administrar os egos inflados dos músicos em lugar de preocupar simplesmente com a música. “Para ser um maestro famoso, é preciso fazer a imagem, ficar perto de políticos, ter estômago para suportar certas situações dos músicos”, conta. Tempos depois, deixou a OSTNCS.

A vida de maestro envolve glamour e respeito. Mas o maior prazer está em sensibilizar, emocionar as pessoas. A força sobrenatural da música. A imagem que se tem da profissão é a de um seleto grupo de escolhidos e iluminados, que, pela música, fazem a realidade mais bela. No entanto, nem tudo é assim: reger é bastante árduo. Sem contar que é estar sempre à vista como uma vitrine. “Um caixa de banco pode errar e ficar anônimo, o maestro não”, compara.

Em quase 30 anos de ofício, Joaquim já reconheceu quais são os ganhos e as perdas de ser maestro. Tira-se a profissão do céu, põe-se na terra. Ser maestro também envolve solidão. A música que junta e agrega as pessoas é estudada sistematicamente em reclusão por muito tempo. O que toma meses de dedicação desaparece em poucos minutos. Passa-se muito tempo só, escutando a si mesmo e sons rabiscados no papel. É a essência vil da música.

Em 2006, quando ainda era maestro assistente da OSTNCS e tinha como amigo o falecido maestro Sílvio Barbato, regeu na sala Villa-Lobos um concerto didático para crianças.  A reação maravilhada delas emocionou-o e ele resolveu dedicar-se ao ensino para crianças.

Quando não está na Escola de Música de Brasília (EMB), lecionando harmonia e arranjo musical ou regendo a orquestra da escola, Joaquim está em casa escrevendo arranjos. A vida é trabalhosa pela manhã, pela tarde e pela noite. Nos tempos livres, cantarola canções para a esposa e tenta ensinar ao filho pequeno um pouco da arte de, como num passe de mágica, fazer surgir música com apenas um gesto de mão.


por Lucas Cajueiro